quarta-feira, 20 de maio de 2015

Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Holanda
Capítulos 4 – O semeador e o Ladrilhador


O exemplo que nos falta




“Dominação portuguesa, que cuidou menos em construir, planejar ou plantar alicerces. ”

“Colonização espanhola caracterizou-se por grandes núcleos de povoação estáveis e bem ordenados. ”

Os debates no Brasil terminam sempre na mesma, seja qual tema for. O que nos falta hoje é o que nos faltava há 50 anos, ou melhor, o que nos falta desde a colonização portuguesa, sendo 2 exemplos simbólicos: planejamento e educação, ao contrário da colonização espanhola, que desde sua ocupação, já constrói universidades e, de fato, cidades.

A mistura da pequenez e covardia dos portugueses que, ao invés de pensarem a colônia como uma extensão orgânica do seu país, freiam diversos tipos de desenvolvimento (seja intelectual, material ou infraestrutura) e me remete aos dias de hoje quando nossa sociedade parece continuar com esse pensamento pequeno de uma nação que tem medo dela mesma. Do que ela será capaz de se tornar se, verdadeiramente, ficar independente.

Considero que hoje ainda somos colonizados. Por nós mesmos. Pela nossa falta de tudo aquilo que não nos foi ensinado a ser, a sentir, a saber que podemos alcançar.


 Capítulo 5 – O homem Cordial

Ô Tiozinho

“Só pela transgressão da ordem doméstica e familiar é que nasce o Estado e que o simples indivíduo se faz cidadão ”

“Dentre esses círculos, foi sem dúvida o da família aquele que se exprimiu com mais força e desenvoltura em nossa sociedade”

Antes de existir o Estado, existiram as relações humanas.

Joaquim Nabuco: “em nossa política e em nossa sociedade (...), são os órfãos, os abandonados, que vencem a luta, sobem e governam”

A diferença ente o público e privado reflete quando o rico acha que pode tudo e o pobre não considera o público sendo seu.  

A figura personalista que impera no Brasil, que insiste em criar heróis e vilões, a partir das relações domésticas e que se espalha em toda estrutura de relação social, saindo de casa para o trabalho, governo, amizades, estudos e a rua.

Escrever sobre a cordialidade depois de ler a entrevista do Manuel Castells me fez por um momento repensar. Mas chego à conclusão que o autor e o Castells não se opõem, tendo em vista que faz menção a nossa “influência ancestral”, contudo afirma: “seria engano supor que essas virtudes possam significar civilidade.  

As relações no Brasil são humanizadas porque isso nos aproxima do que fomos educados a ser. É na maneira que ficamos amigos do colega de trabalho (horror às distâncias), da empregada doméstica que passa a fazer parte da família (desde sempre), do jeitinho amigo que sem querer (ou por querer) já está interferindo quando se precisa ser duro, dizer não.


Afinal de contas, não custa nada você fazer um favor pro seu tio, né?

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