segunda-feira, 29 de maio de 2017

O Estigma.

Estigma. O estigma teve diversos significados ao longo do tempo, nos dias atuais pode refletir "a situação do indivíduo que esta inabilitado para a aceitação social plena" conforme definido por Goffman. Ainda de acordo com Goffman, a sociedade estabelece os meios de categorizar as pessoas e seus respectivos atributos. Assim, formam-se atributos estruturais de uma "identidade social" que incluem elementos físicos, comportamentais e etc., que acabam por pré-conceber a visão que temos uns dos outros. Inconscientemente (ou  não), fazemos isso muitas vezes, reduzindo os desconhecidos a estigmas que carregamos desde cedo pela nossa formação.

Moonlight trata de dois estigmas da sociedade atual: o negro e o gay. No caso do personagem, ambos os estigmas são sentidos de formas diferentes. Como negro, nascido em uma comunidade pobre , é muito difícil fugir da sua realidade e consequentemente do estigma que a sociedade impõem. Como gay, engolir seus desejos mais profundos por outros homens é tentar fugir do segundo estigma que a sociedade iria impor a ele.

No filme a 13a emenda, fica muito claro que a sociedade americana nunca quis incluir o negro, já o colocando como criminoso desde que a escravidão foi abolida. Mais de 100 anos depois, esse estigma se alastrou e séries como Dear White People, mostram o quanto perverso e cruel essa identidade social traçado pelo homem branco  pode (continuar) ser nos EUA.

No Brasil não foi elaborada uma 13a emenda, mas o negros não foram incluídos, sendo marginalizados ao longo de todo esse tempo. Empobrecido, viu seu futuro estar atrás das grades, em condições péssimas de moradia e quase zero assistência de um Estado que muitas vezes é o seu próprio algoz.

Olhar em volta e saber que há estigmas em tudo e todos, pela simples razão das sociedades terem uma obsessão em categorizar aquilo que é diferente é pensar que ainda estamos mais perto de situações como o nazismo, já que o número de mortes de negros e gays no Brasil e nos EUA devem estar chegando perto (e deve ultrapassar) aos mortos durante o tempo das trevas na Alemanha.

Se você for um gay, branco com dinheiro… está tudo (quase) certo. Para quem é branco, não tem empatia que salve… a verdade é que nunca saberemos o que é ser negro, o que é ser marginalizado, o que é ter que ser perfeito o tempo todo pra mostrar o seu valor (e mesmo assim, muitas vezes ser rejeitado).

E, mais do que isso, existem negros (e gays) sentindo vergonha do que são e não conseguindo assumir sua identidade, ou pior, se comportando como brancos (e héteros) para se sentirem mais aceitos. Existe uma falsa ideia de que avançamos. Mas como? Se as mortes aqui e nos EUA não param de crescer?


O que existe é a continuidade de uma luta, o que existe são mais meios existentes para que essas causas possam ser ouvidas.  Contudo, ainda estamos muito longe dos estigmas (de qualquer tipo) serem uma barreira invisível de nos enxergarmos enquanto seres-humanos.

A Ausência da Palavra

Gostei muito do filme como obra, diferentemente de 3%, que chamou mais atenção pelas discussões do argumento do que pelo resultado estético.
Ainda não assentaram em mim todas as impressões e veredas abertos pelo filme, faz pouco tempo que vi. Mas conforme o tempo passa, e conversando com algumas pessoas, acho que vale a pena pensar em alguns pontos.
Na primeira parte da história, chamada de Little, o apelido de Chiron na infância, fica evidente a falta de referência familiar. Não me lembro de em algum momento ter sido mencionado um pai, ou até mesmo uma avó. A única referência familiar é a mãe, que mostra ter problemas com drogas e nem sempre poder estar presente da maneira que o filho precisa, como para perceber que ele está sofrendo na escola e precisa de ajuda. O filme não mostra a mãe sendo convocada ou participando de uma reunião.

Nenhum estudo deixa de mostrar a importância da presença da família como índice de envolvimento na escola e de protetor contra vulnerabilidade social das crianças. A presença dos pais qualifica a infância na maior parte das vezes. Por isso eu acho que o transporte público não é só uma questão de facilitar a vida prática das pessoas e seus deslocamentos, mas uma ferramenta importantíssima na promoção de qualidade de vida para crianças e redução de desigualdade. Pode-se considerar o tempo gasto no trajeto do trabalho para casa um roubo de tempo de crianças que precisam de seus familiares.

Um detalhe que eu sempre reparo em muitos filmes de que gosto muito — principalmente daqueles de que descubro que gostei muito a posteriori —, é na riqueza de informações extra-diálogo. De cara, a ausência de personagens brancos salta aos olhos, mas jamais é posta em questão. Diferentemente disso, a ausência de diálogo é uma característica do personagem principal.

Chiron, ou Black ou Little, não tem na palavra sua principal forma de relação com o entorno. Juan (o traficante interpretado por Mahershala Ali, que fez o lobbyista Remy Danton em House of Cards) de alguma maneira percebe isso e resolve usar o Entorno per se, o que há de mais precoce e bonito de todos os entornos que a vida já teve — o mar. A água do mar, esse amnios ontológico inescapável, cria o meio de contato afetivo entre Chiron e o mundo, e sua referência, Juan. Juan desaparece do filme após cumprir este papel, deixando Theresa, a mulher que fica, como ponto de apoio para a criança.

Além da óbvia cadeirada, outro recurso não-verbal usado por Chiron para se relacionar com o mundo é o corpo. Os corpos têm esse papel para todos nós, embora uma cerebrização do modo como a humanidade ocidental se vê — o que talvez Winnicott* chamasse de supervalorização da mente em oposição ao psicossoma —, para Chiron vira uma estratégia de sobrevivência. Nada se fala do período entre a detenção pós-cadeirada na Flórida e como ele se estabeleceu traficante na Georgia, mas foi ali que ele saiu de um garoto franzino e assustado para se transformar em um homem corpulento, forte para aguentar o que a vida vai colocar em seu caminho. Que usa uma espécie de aparelho metálico no dente, talvez inicialmente pensado como ostentação, mas que dá impressão de força e resistência. Que ele tira quando vai comer perto do amigo.

A prisão é um destino frequente para pobres negros nos EUA, assim como no Brasil. Pelo jeito que o nome da prisão é mencionado na conversa (ou quase conversa) que Chiron tem com o amigo já mais velho, fiquei com a impressão de que era uma realidade muito próxima. Pode ser que muitos familiares de Chiron estivessem na prisão, e por isso não apareciam. Se Juan foi preso, nós não sabemos, mas se Theresa fosse presa, aí Chiron ia ficar ainda pior do que já estava.

Enfim, muitas outras veredas são abertas no filme, e certamente muitas mais só vou conseguir perceber quando assistir novamente a ele.


*pediatra e psicanalista inglês, morto nos anos 70. Psicossoma foi o nome que ele deu a um funcionamento conjunto da psique e do corpo (soma), em oposição à dualidade mente/corpo. Para ele, mente seria algo como o funcionamento racional do pensamento, afastado de sensibilidades e do corpo.

Moonlight - fragmentos

·         Só tem atores negros
·         Branco mal aparece como figurante, na cena do restaurante. Este tratamento é similar ao que os filmes brancos costumam fazer, só que ao revés.
·         Não é diretamente sobre racismo, nem sobre homossexualidade
·         É sobre a corporeidade, sobre o corpo negro
·         O corpo negro a serviço de que, a serviço de quem?
·         Little: o corpo frágil que ‘não combina’ com os negros, que têm de suportar o rojão da existência mais do que os brancos;
·         Juan: o corpo negro a serviço da morte;
·         Teresa: o corpo negro fetichizado e hiperssexualizado;
·         A mãe: o corpo negro consumido pelas drogas, devastado;
·         Chiron adolescente: o corpo negro que, ativa ou passivamente, só conhece a linguagem da violência; Mesmo o amor é respondido com violência.
·         Black: o corpo negro brutalizado; O jovem adulto usa a academia e os músculos como escudo para uma fragilidade interna; o corpo negro está fechado, blindado, comprimindo no peito os sentimentos, escondendo uma sensibilidade que não é percebida como positiva.
·         A quem é dado o direito de ser sensível?
·         Talvez Chiron nem seja gay.
·         Os bloqueios à sensibilidade e aos exercícios do afeto nem sempre são explícitos, são tácitos.
·         Um corpo negro sempre em fuga [da mãe, da escola, dos amigos, da polícia]
·         Chiron não é o homem negro. É um homem negro. Não é um filme genérico sobre a negritude, mas a história de alguém, idiossincrática, que é atravessado pelas condições de ser preto, ter uma mãe viciada, ser percebido como gay, etc.
·         O corpo negro, desacostumado a ser sujeito de si mesmo, demora a se perceber.
·         O corpo negro precisa encontrar as condições para a sua própria satisfação, inclusive sexual.

·         Para o corpo negro, os caminhos não estão abertos.

A cracolândia do sublime





Concordo que não seja um filme sobre o racismo. É no entanto um símbolo poderoso da luta contra o racismo. Um filme só com pretos que ganha o Oscar e força milhões de espectadores racistas e homofóbicos que vão ao cinema por causa do Oscar a assistirem (pelo menos uma parte, até saírem revoltados da sala) um filme de sensibilidade impar e de humanidade suave e sublime.

No passado o cinema precisava de histórias de redenção, onde o protagonista saia de um lugar ruim e passava por uma série de desafios e obstáculos para chegar a um lugar melhor. Dos anos 60 pra cá essa abordagem Didática e moralista foi cedendo lugar a uma visão mais realista e humana na qual ser bom ou mau depende das circunstâncias em que nos encontramos e não se trata mais de uma dicotomia atávica. O mau pode ser bom às vezes e o bom mau também. É possível um filme em que uma criança encontre amor em um traficante e se torne ele próprio traficante apesar da mãe viciada. Ele começa no fundo do poço e não sai dele. A história é uma história de sua humanidade. O roteiro não está mais tão preocupado com a narrativa “externa” mas com a narrativa interna. O percurso que um individuo, oprimido, perseguido, sem figura paterna clara e com uma mãe dependente faz para encontrar a si mesmo. Para fazer as pazes com sua sexualidade.

Presta um enorme serviço a causa gay dado que não é muito comum ver traficantes ‘malvados’  sendo humanos, gentis e carinhosos. Muito menos sendo gays.  O reencontro dele no bar com o amigo com quem iniciou sua vida sexual é desconcertante da dificuldade de comunicação, timidez, fragilidade do pequeno Little que retorna com força no homão que Black se tornou. É tão bonito.

Não consegui encontrar metáforas bonitas como a dos quatro elementos que o Pablo Vilaça identifica, ou a força da água na gestação de um novo homem. Sinto, no entanto, que a reflexão sobre a questão da sexualidade é muito mais complexa em ambientes ‘macho’ onde o estado de natureza é a norma na relação com os indivíduos. Demonstrar força é incompatível com a percepção generalizada sobre o homossexualismo. Para gays em contextos agressivos e pouco acolhedores a questão deixa de ser uma escolha e passa a guardar relação com a sua sobrevivência. Mais uma exclusão dentre tantas outras já vividas cotidianamente. Em tempos de ‘internação compulsória’  Moonlight é um grito de humanidade que pode subsistir nos contextos mais embrutecidos da existência.




Eu queria mesmo era escrever sobre “As prisioneiras”. Tem muita relação com esse filme, mas como ninguém leu, vou me abster e adiar esse prazer.  


sábado, 27 de maio de 2017

E o Oscar vai para La La Land #sqn

O tema é racismo e vamos discutir o filme “Moonlight”. Bem, o que tem a ver uma coisa com a outra? Foi meu primeiro pensamento. Mas, pensando bem, mesmo eu não achando que o filme seja explicitamente sobre racismo, consegui a partir dele refletir sobre algumas questões relacionadas ao “ser negro”.

Primeiramente, um filme ganhador do Oscar e que não tem atores brancos e que não está ali para falar diretamente sobre racismo. Ponto para Hollywood. Eu tenho a impressão de que o negro é retratado no cinema americano de forma bem mais digna que na TV brasileira, onde das duas uma: ou o negro é empregado ou o assunto é racismo, tratado de forma quase didática e, por vezes, caricata. Já no cinema americano temos os filmes de Denzel Washington e Will Smith, nos quais o fato de o protagonista ser negro não precisa ser uma questão. Porém talvez estivesse faltando um filme em que fosse retratada a vida de um negro mais “gente como a gente”, não uma vida de rico e bem-sucedido, embora seja importante que o negro apareça nesse lugar também.

O filme retrata a vida de um jovem negro, pobre, morador da periferia, como tantos outros nos Estados Unidos. Porém o tema central é a vivência da homossexualidade por esse jovem, imerso nesse meio. Aparecem outros temas paralelos, mas também ligados à experiência de ser um negro periférico.

Está lá a relação com o tráfico e o uso de drogas. Criado por sua mãe sem convivência com o pai, o protagonista tem no chefe do tráfico da região a figura paterna. Esse é um personagem interessante, apresentado como bom, apesar de ser traficante, o que também não é comum no cinema americano. Ele é solidário e paciente com a criança tímida e perseguida por homofobia. Ao ser questionado sobre homoafetividade, não se mostra homofóbico, como poderia ser esperado vindo de um homem com característica de macho alfa. Quando confrontado com sua condição de traficante, ele se mostra triste e consciencioso do mal que gera às pessoas a partir do tráfico. Talvez por essas contradições o personagem seja tão sedutor e carismático, tendo inclusive rendido o Oscar de ator coadjuvante.

O mal causado pelas drogas é retratado na figura da mãe do protagonista. Vale notar que o filme é claramente dividido em 3 partes: infância, adolescência e adulto jovem. As mudanças da mãe acompanham essas partes, na primeira a mãe ainda está bem, mas começando a apresentar alguns conflitos que lhe geram perturbação emocional, inclusive certo ciúme da relação do filho com o traficante. Na segunda parte a mãe está gravemente afetada pelo uso de droga e na terceira parte ela aparece em uma clínica de tratamento, porém sem uma recuperação total.

O tema da violência também está presente. Na segunda parte o traficante já não aparece (não me lembro se isso é dito no filme, mas acho que ele morreu, a morte precoce muito mais comum aos homens negros que aos brancos). As cenas de bullying e violência na escola não são especialmente diferentes das retratadas em filmes de brancos, porém o desfecho da reação do protagonista, que ao se vingar do agressor acaba preso, mostra o quanto o encarceramento é bem mais banal na vida do negro. Fosse branco, de classe média, talvez seria mais provável que fosse levado a um psiquiatra e iniciado algum tratamento. (No Brasil sem dúvida existe essa diferença, já nos EUA não tenho certeza, mas tenho essa impressão).

Por fim, a relação do protagonista com o mar é abordada de forma bastante bela no filme. Como uma das cenas mais representativas do filme é aquela na qual o protagonista tenta nadar, isso me remeteu ao tema do racismo na natação . De vez em quando aparecem pesquisas que mostram que o número de crianças negras que não sabem nadar é bem maior que o de crianças brancas.  Com isso, as crianças negras morrem mais frequentemente que as crianças brancas por afogamento. Além disso, a natação como esporte é praticamente toda dominada por brancos. Segundo reportagem da BBC Brasil:

As piscinas são há muito tempo um ponto especialmente sensível da questão racial nos Estados Unidos. Afro-americanos não podiam entrar nelas quando a segregação ainda era praticada, e, mesmo depois de ela ser abolida, brancos encontraram outras formas de mantê-los excluídos. Construir piscinas em áreas de população predominantemente negra, por exemplo, não tem sido uma prioridade.
Jeff Wiltse, no seu livro Águas Contestadas: a História Social das Piscinas na América, argumenta que o incômodo dos brancos ao entrar em contato com negros levou a essa lacuna histórica na integração racial das piscinas americanas. Pais que não nadam não costumam iniciar seus filhos no esporte, e o legado atual disso é um número desproporcional de crianças negras que não sabem nadar - a federação americana de natação estima o índice em 70%.(...)
O estereótipo grosseiro, de que o biotipo de negros torna mais difícil sua flutuação na água, já foi desmentido, mas ainda hoje alguns esportes são vistos como "especialidades" de algumas raças”
Link: http://www.bbc.com/portuguese/geral-37064215 

O mar aparece marcando os momentos de afeto e amor na vida do protagonista, quando o “pai adotivo” tenta ensiná-lo a nadar, na primeira parte e quando ele recebe o primeiro beijo do seu amado, na segunda parte. Por fim, simbolicamente, após a última cena, em que ele aparece abraçado ao namorado, novamente vemos a figura da criança em frente ao mar.

A homoafetividade me pareceu o tema central do filme. Na primeira parte, estamos diante de uma criança que sofre bullying já por conta de seu lado “afeminado” e que chega a apresentar a questão aos adultos, de forma ainda confusa e inocente, sem entender direito sua condição. Na segunda parte, aparece o primeiro beijo gay e a virada da personalidade do adolescente, que reage às agressões, vai para a cadeia e reaparece na terceira parte já adulto e bem-sucedido no meio do tráfico. Apesar de maior maturidade no campo profissional, descobrimos que em relação à vida afetiva o jovem é  muito tímido e ainda não tinha se permitido desabrochar sua homoafetividade, tendo a primeira relação sexual com seu namorado apenas no final do filme. O contraste entre o tipo físico do homem viril, forte, usando ouro na típica ostentação do tráfico e a timidez diante do reencontro com o amado é sensacional. Mostra um nível de maturidade na abordagem de um tema de forma raramente vista nos filmes americanos mais populares.

Toda essa sutileza talvez não tenha tornado o filme muito fácil de compreender ou de emocionar para uma parte do público. Ou seja, não é um filme que teria em princípio grande potencial de ser popular, tendo sido muito visto por aqui por ter ganhado o Oscar. O filme não apela para sentimentalismo, não apresenta uma trilha sonora com momentos marcantes. Não assisti a "La La Land", mas acredito que a confusão na entrega do Oscar tenha sido um pouco por isso: quem imaginaria um filme como "Moonlight" vencendo o prêmio máximo do cinema? Sem dúvida, um grande feito.

Devo confessar que, em princípio, o filme não me causou muita emoção. Eu não sabia do que se tratava, apenas sabia que tinha ganhado o Oscar e achei que estaria diante de um roteiro típico. Acabei encontrando um filme de estilo bem mais “cult” que o esperado. Agora, tendo revisto por alto o filme para escrever esse texto e tendo olhado com “olhar gébico”, consegui perceber mais os méritos da obra.

Já que meu lugar de fala não me favorece para discutir nem o tema do racismo nem a homofobia, devo confessar que eu estou me perguntando: será que o que eu falei vai fazer sentido para alguém?  Cheguei a pensar em problematizar essa questão do lugar de fala, mas esse conceito não me é muito familiar, ironicamente, justamente por causa do meu "lugar". O que compreendo desse conceito é que em princípio ele não deve servir para calar uma pessoa, mas para aumentar a capacidade de compreensão do que essa pessoa está falando. Todo discurso pode ser compreendido mais profundamente quanto mais ele puder ser contextualizado, e acredito que saber quem fala, quando fala, como fala e por que fala faz parte dessa compreensão. Digo isso para previamente me desculpar por qualquer bobagem que eu tenha falado ou venha a falar sobre esses temas. Na verdade, não que eu acho que deva me calar (jamais, não me Kahlo), porém dessa vez quero mais do que nunca ouvir vocês.