Estigma.
O estigma teve diversos significados ao longo do tempo, nos dias atuais pode
refletir "a situação do indivíduo que esta inabilitado para a aceitação
social plena" conforme definido por Goffman. Ainda de acordo com Goffman,
a sociedade estabelece os meios de categorizar as pessoas e seus respectivos
atributos. Assim, formam-se atributos estruturais de uma "identidade
social" que incluem elementos físicos, comportamentais e etc., que acabam
por pré-conceber a visão que temos uns dos outros. Inconscientemente (ou não), fazemos isso muitas vezes, reduzindo os
desconhecidos a estigmas que carregamos desde cedo pela nossa formação.
Moonlight
trata de dois estigmas da sociedade atual: o negro e o gay. No caso do
personagem, ambos os estigmas são sentidos de formas diferentes. Como negro,
nascido em uma comunidade pobre , é muito difícil fugir da sua realidade e
consequentemente do estigma que a sociedade impõem. Como gay, engolir seus
desejos mais profundos por outros homens é tentar fugir do segundo estigma que
a sociedade iria impor a ele.
No filme
a 13a emenda, fica muito claro que a
sociedade americana nunca quis incluir o negro, já o colocando como criminoso
desde que a escravidão foi abolida. Mais de 100 anos depois, esse estigma se
alastrou e séries como Dear White People, mostram o quanto perverso e cruel
essa identidade social traçado pelo homem branco pode (continuar) ser nos EUA.
No Brasil
não foi elaborada uma 13a emenda, mas
o negros não foram incluídos, sendo marginalizados ao longo de todo esse tempo.
Empobrecido, viu seu futuro estar atrás das grades, em condições péssimas de
moradia e quase zero assistência de um Estado que muitas vezes é o seu próprio
algoz.
Olhar em
volta e saber que há estigmas em tudo e todos, pela simples razão das
sociedades terem uma obsessão em categorizar aquilo que é diferente é pensar
que ainda estamos mais perto de situações como o nazismo, já que o número de
mortes de negros e gays no Brasil e nos EUA devem estar chegando perto (e deve
ultrapassar) aos mortos durante o tempo das trevas na Alemanha.
Se você
for um gay, branco com dinheiro… está tudo (quase) certo. Para quem é branco,
não tem empatia que salve… a verdade é que nunca saberemos o que é ser negro, o
que é ser marginalizado, o que é ter que ser perfeito o tempo todo pra mostrar
o seu valor (e mesmo assim, muitas vezes ser rejeitado).
E, mais
do que isso, existem negros (e gays) sentindo vergonha do que são e não
conseguindo assumir sua identidade, ou pior, se comportando como brancos (e
héteros) para se sentirem mais aceitos. Existe uma falsa ideia de que
avançamos. Mas como? Se as mortes aqui e nos EUA não param de crescer?
O que
existe é a continuidade de uma luta, o que existe são mais meios existentes
para que essas causas possam ser ouvidas.
Contudo, ainda estamos muito longe dos estigmas (de qualquer tipo) serem
uma barreira invisível de nos enxergarmos enquanto seres-humanos.
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