Na verdade só concluí a leitura hoje, então entendo que muitos não possam ler o que escrevo agora, já que o grupo começa daqui a pouco. De qualquer maneira acho importante escrever para registrar.
Achei de maneira geral o texto do Costa e Silva (CS) bem melhor que o do da Matta (doravante DM). Comecei a ler o DM um dia depois de ter ficado sabendo da divulgação que o Paulo Betti fez de uma agressão homofóbica que teria sofrido do professor por causa do personagem que ele fez em uma novela. Isso certamente contaminou minha leitura, mas não a impediu.
Entendo que são publicações bem diferentes e complementares. Vi DM como um corte transversal, contendo descrições não-sistematizadas e explicações não testadas - não se trata de um trabalho científico. CS pretende mais completude, as descrições são mais minuciosas, o texto mais acadêmico e, apesar disso, mais bem escrito.
As descrições no DM são impregnadas por sua própria percepção e hipóteses a respeito do que ele observa. Ali é possível ver que ele tem ideias, juízos sobre as constatações que faz. CS procura se distanciar um pouco, nenhuma menção ao autor é feita no texto.
O ponto de ligação entre o que é descrito nos textos, ao meu ver, é o ponto mais importante por eles reforçado; a ambiguidade que significa ser brasileiro. A convivência com híbridos e nuances em uma sociedade hierarquizada. As categorias excludentes e suas flexibilidades na rigidez. DM valoriza mais esse aspecto.
Entretanto, isso pode gerar a ilusão de uma harmonia, o que não é verdade. a convivência com a ambiguidade, com os híbridos e sua aceitação escondem os preconceitos e as categorias em que as pessoas estão inseridas, com pouquíssima mobilidade entre elas.
Percebi nos textos - principalmente nas partes mais explicativas do DM, uma interseção com certas explicações antropológicas da questão de gênero, da sociedade disciplinar do Foucault e até com Freud. Os detalhes vamos ver mais tarde na discussão.
Até breve.
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