LIDERANÇA FORTE versus
SOCIEDADE FRACA
Ao iniciar a primeira série brasileira do
Netflix, cujo nome é 3% e se trata de um processo seletivo, achei que a discussão
do GEB seria em torno de questões sociológicas. Estava enganada, ao termino do
oitavo episódio (último até o momento), me deparei com questões filosóficas,
por assim dizer.
A discussão sobre o mérito, muito presente na
sociedade contemporânea, pautada por criticas no que diz respeito a igualdade
de direitos, não aparece na Série desta forma. Assim, falar de classe social se
resumiria apenas ao personagem oriundo de uma família que se considerava no
direito de ser aprovado no processo por pertencer a um grupo mais rico, o que não
ocorre.
Assim, o que mais me chamou atenção na Série
foi a questão da liderança. Quem conduz o processo seletivo é quem define o
tipo de indivíduo que a sociedade (no caso, o Maralto). Na mão de Ezequiel, liderança
do processo, está a escolha de uma geração, esta refletida no papel deste líder.
A disputa para a liderança do processo demostra
que nem todos concordam com a escolha do processo e, assim, penso que outras gerações
podem ter sido formadas com outro tipo de escolha o que deve causar no Maralto
uma disputa interessante de caráter que gostaria de ver, caso a série continue.
O diálogo do Ezequiel com a Michele no último
episódio me fez lembrar do PT. Afinal de contas, ele diz ter participado da “causa”
e ter participado do processo seletivo nessa condição. O que fez ele mudar de “lado”?
Até que ponto uma liderança é tão importante para uma geração e para a construção
da sociedade?
Outro ponto que observei foi a divisão mais equânime
de pretos e brancos no processo seletivo, na aprovação final e também no
Conselho do Maralto. Além de 4 fazerem parte do elenco principal da série. Os
brancos eram da “causa”, os pretos eram os mais pobres e marginalizados, únicos
que não se “vendem” no final do processo (apesar da paixão cega do menino
Fernando).
A personalidade individual dos personagens e relação
entre eles nas provas coletivas são pontos importantes, contudo, o imaginário coletivo
sobre o significado do Maralto para aquela sociedade do continente é o
principal motor de uma cegueira coletiva em prol de algo que se desconhece, mas
se quer alcançar, custe o que custar.
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