segunda-feira, 6 de março de 2017

LIDERANÇA FORTE versus SOCIEDADE FRACA

Ao iniciar a primeira série brasileira do Netflix, cujo nome é 3% e se trata de um processo seletivo, achei que a discussão do GEB seria em torno de questões sociológicas. Estava enganada, ao termino do oitavo episódio (último até o momento), me deparei com questões filosóficas, por assim dizer.

A discussão sobre o mérito, muito presente na sociedade contemporânea, pautada por criticas no que diz respeito a igualdade de direitos, não aparece na Série desta forma. Assim, falar de classe social se resumiria apenas ao personagem oriundo de uma família que se considerava no direito de ser aprovado no processo por pertencer a um grupo mais rico, o que não ocorre.

Assim, o que mais me chamou atenção na Série foi a questão da liderança. Quem conduz o processo seletivo é quem define o tipo de indivíduo que a sociedade (no caso, o Maralto). Na mão de Ezequiel, liderança do processo, está a escolha de uma geração, esta refletida no papel deste líder.

A disputa para a liderança do processo demostra que nem todos concordam com a escolha do processo e, assim, penso que outras gerações podem ter sido formadas com outro tipo de escolha o que deve causar no Maralto uma disputa interessante de caráter que gostaria de ver, caso a série continue.

O diálogo do Ezequiel com a Michele no último episódio me fez lembrar do PT. Afinal de contas, ele diz ter participado da “causa” e ter participado do processo seletivo nessa condição. O que fez ele mudar de “lado”? Até que ponto uma liderança é tão importante para uma geração e para a construção da sociedade?

Outro ponto que observei foi a divisão mais equânime de pretos e brancos no processo seletivo, na aprovação final e também no Conselho do Maralto. Além de 4 fazerem parte do elenco principal da série. Os brancos eram da “causa”, os pretos eram os mais pobres e marginalizados, únicos que não se “vendem” no final do processo (apesar da paixão cega do menino Fernando).


A personalidade individual dos personagens e relação entre eles nas provas coletivas são pontos importantes, contudo, o imaginário coletivo sobre o significado do Maralto para aquela sociedade do continente é o principal motor de uma cegueira coletiva em prol de algo que se desconhece, mas se quer alcançar, custe o que custar.

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