segunda-feira, 8 de junho de 2015

Paulo Prado escreve sobre a formação do Brasil sem romantismo, atiçando o leitor ao citar de forma direta e indireta os pecados capitais.

Ao dar início a Era dos Descobrimentos o Brasil é (sem querer) descoberto, mas será por meio da luxúria (prazeres carnais) e da cobiça (ambição de riquezas) que o Brasil será formado, segundo o autor.

A corrida do ouro foi um fato. Que culpa o colonizador teve sobre isso? Paulo Prado fala com “sangue nos olhos” dos portugueses e a forma da colonização “Por esse povo já gafado do germe de decadência começou a ser colonizado o Brasil” (pag. 95).

Acredito, contudo, que o mesmo erra quando não faz contar no texto que as mulheres (seja índia, negra africana ou até mesmo a órfã branca portuguesa) sofrem do mesmo problema: a exploração pelo homem. A fala simplista da sensualidade da mulher, e não da perversão do homem, faz com que o autor foque a formação brasileira em um tema bastante controverso.

O autor cruza a questão sexual com tristeza. Mas se o Brasil, dentro dos parâmetros dele, tivesse se desenvolvido como os americanos? Ligaria a questão sexual ao orgasmo e a alegria? Além do mais, a característica da sensualidade não é privilégio único do Brasil e sim dos latinos. A relação da raça triste que não tem sua própria identidade, não faz sentido depois da Coleção História do Brasil Nação e do texto lido no grupo do Alberto da Costa e Silva.

Mistura o conceito de romantismo, e do que ele significou para o mundo, com a carta de Joaquim da Maia e nossos primeiros sinais de independência. Mas pode a independência não ser romântica? O autor problematiza, quando sugere que o romantismo cega a verdadeira realidade social. E cita, mais uma vez, que a mistura da raça é o que nos faz perder a força.

Para encerrar, Paulo Prado escreve (podemos sentir a ira dele) sobre o que ainda (naquele tempo e até hoje), ameaça o desenvolvimento do país e, como se fossemos um povo ignorante e preguiçoso, não levantaríamos bandeira alguma sobre o que pairava no mundo daquele tempo (ou será que não foi levantada a bandeira que ele queria que o Brasil levantasse?).

O autor também demostra em outra parte do texto um ar ignorante (e de época) sobre o não conflito de raças no Brasil (pag. 130) e de possíveis doenças oriundas da mistura das raças (pag. 132).
De forma geral, o texto é bem provocativo e, mesmo que possamos discordar facilmente de vários pontos indicados pelo autor, não podemos deixar de concordar que as questões por ele colocadas, fazem algum sentido na nossa formação.


Por fim, uma raça triste sim (séculos de exploração), sensual sim (séculos de exploração), romântica sim (séculos de exploração), contudo, por tudo isso, se forma um povo colorido, festeiro e sonhador, que faz com que ainda estejamos formando o que somos e o que desejamos ser, quase 100 anos depois de Paulo Prado.


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