Uma casquinha de banana no passeio da sociedade brasileira
Dilma e Tânia Monteiro numa entrevista coletiva
Nota mental (escrita publicamente):
preciso passar a escrever o texto ao longo da leitura, como fiz da primeira vez. Não está funcionando escrever tudo ao final. Era pra discorrer sobre Dilma e
Tânia, sobre o estudo da ralé, mas não anotei. Segue o texto
que não me sinto nem um pouco contente em postar, mas que decidi fazê-lo para
que eu possa acompanhar meu processo de aprendizado em participar do grupo.
***
Na casa da minha mãe a relação
com a televisão sempre foi conturbada. Iná Maria nunca conseguiu ouvir e ver a
TV sem contestar o que era veiculado com a outra versão que tinha dos fatos.
Suas fontes de informação nunca foram usuais. Nunca assinou O Globo. Sempre via
a Tribuna da Imprensa ou o jornal da UNE dobradinhos pela casa. As
interpretações que ela expressava para os fatos políticos eram diametralmente
opostas às da grande mídia e cheguei até a desacreditá-las, afinal, o que ela
dizia estava escrito somente naqueles jornais difíceis de encontrar e não na
televisão, tão acessível, limpinha e convincente. Corta.
Vamos a 2013, nas Jornadas de
Junho, como Jessé se refere no livro “A Tolice da Inteligência Brasileira” às
manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus. Nestes dias, pela primeira
vez, provei da amargura que minha mãe sentia ao assistir na televisão uma
versão totalmente deturpada do que se passava nas ruas. Enquanto as redes
sociais denunciavam, entre outras coisas, policiais disfarçados (ou não)
impondo uma “agenda” de desordem para as passeatas, os grandes jornais associavam
integralmente os resultados da selvageria aos manifestantes. Sim, foi ali que
tive certeza de que minha mãe sempre esteve certa.
O livro A Tolice da Inteligência
Brasileira vem justamente tratar de esclarecer o (que podemos chamar de) desconforto
que sentia em casa. As ideias dominantes não contaminavam minha mãe, era como
se existisse algo que ela soubesse e que ninguém mais tinha acesso. De certa
forma, era verdade. A imprensa que abunda em visibilidade vende – como Pessoa
Jurídica que é – a notícia que quer. Ou porque alguém financia ou porque defende
interesses próprios em detrimento da informação. E a comercialização de ideias
se dá não somente pelo que é veiculado, como também pelo que se decido que não será
mostrado. O livro do Paulo Henrique Amorim, O Quarto Poder, contem inúmeros
“causos” de manipulações das notícias. Que funcionam! Uma amostra recente da
eficácia do que não é mostrado foi a quantidade massiva de votos recebido pelo
2º candidato mais votado nas eleições de 2014. Nada de negativo sobre ele era
mostrado. Após o período eleitoral, quando não era mais conveniente para a
mídia ocultar qualquer coisa a seu respeito, seus eleitores se viram dentro da
música de Maysa, “Meu Mundo Caiu”, pois se surpreenderam ao ver o nobre Senador
envolvido nos mesmos escândalos de corrupção da outra candidata, aquela que
eles queriam exterminar para acabar (justamente com o quê?) com a corrupção. Em
uma das manifestações ele chegou até a ser hostilizado. Pobre coitados, não
sabiam!
O que torna isso possível mesmo na Era da Informação é o que
Jessé chamou de “sequestro da ‘inteligência brasileira’”. Resumidamente, ele é
operado através de uma produção intelectual e legitimação pela mídia que
esvazia e corrói a capacidade de percepção da realidade, permitindo que
questões benéficas para apenas 1% da sociedade sejam postas como universais.
Agora, GEB, eu agradeço, mas eu
vou-me embora. Smack. Beijo pra vocês.
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