segunda-feira, 9 de maio de 2016


Uma casquinha de banana no passeio da sociedade brasileira


Dilma e Tânia Monteiro numa entrevista coletiva


Nota mental (escrita publicamente): preciso passar a escrever o texto ao longo da leitura, como fiz da primeira vez. Não está funcionando escrever tudo ao final. Era pra discorrer sobre Dilma e Tânia, sobre o estudo da ralé, mas não anotei. Segue o texto que não me sinto nem um pouco contente em postar, mas que decidi fazê-lo para que eu possa acompanhar meu processo de aprendizado em participar do grupo.
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Na casa da minha mãe a relação com a televisão sempre foi conturbada. Iná Maria nunca conseguiu ouvir e ver a TV sem contestar o que era veiculado com a outra versão que tinha dos fatos. Suas fontes de informação nunca foram usuais. Nunca assinou O Globo. Sempre via a Tribuna da Imprensa ou o jornal da UNE dobradinhos pela casa. As interpretações que ela expressava para os fatos políticos eram diametralmente opostas às da grande mídia e cheguei até a desacreditá-las, afinal, o que ela dizia estava escrito somente naqueles jornais difíceis de encontrar e não na televisão, tão acessível, limpinha e convincente. Corta.

Vamos a 2013, nas Jornadas de Junho, como Jessé se refere no livro “A Tolice da Inteligência Brasileira” às manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus. Nestes dias, pela primeira vez, provei da amargura que minha mãe sentia ao assistir na televisão uma versão totalmente deturpada do que se passava nas ruas. Enquanto as redes sociais denunciavam, entre outras coisas, policiais disfarçados (ou não) impondo uma “agenda” de desordem para as passeatas, os grandes jornais associavam integralmente os resultados da selvageria aos manifestantes. Sim, foi ali que tive certeza de que minha mãe sempre esteve certa.

O livro A Tolice da Inteligência Brasileira vem justamente tratar de esclarecer o (que podemos chamar de) desconforto que sentia em casa. As ideias dominantes não contaminavam minha mãe, era como se existisse algo que ela soubesse e que ninguém mais tinha acesso. De certa forma, era verdade. A imprensa que abunda em visibilidade vende – como Pessoa Jurídica que é – a notícia que quer. Ou porque alguém financia ou porque defende interesses próprios em detrimento da informação. E a comercialização de ideias se dá não somente pelo que é veiculado, como também pelo que se decido que não será mostrado. O livro do Paulo Henrique Amorim, O Quarto Poder, contem inúmeros “causos” de manipulações das notícias. Que funcionam! Uma amostra recente da eficácia do que não é mostrado foi a quantidade massiva de votos recebido pelo 2º candidato mais votado nas eleições de 2014. Nada de negativo sobre ele era mostrado. Após o período eleitoral, quando não era mais conveniente para a mídia ocultar qualquer coisa a seu respeito, seus eleitores se viram dentro da música de Maysa, “Meu Mundo Caiu”, pois se surpreenderam ao ver o nobre Senador envolvido nos mesmos escândalos de corrupção da outra candidata, aquela que eles queriam exterminar para acabar (justamente com o quê?) com a corrupção. Em uma das manifestações ele chegou até a ser hostilizado. Pobre coitados, não sabiam!

O que torna isso possível mesmo na Era da Informação é o que Jessé chamou de “sequestro da ‘inteligência brasileira’”. Resumidamente, ele é operado através de uma produção intelectual e legitimação pela mídia que esvazia e corrói a capacidade de percepção da realidade, permitindo que questões benéficas para apenas 1% da sociedade sejam postas como universais.

Agora, GEB, eu agradeço, mas eu vou-me embora. Smack. Beijo pra vocês.


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